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quinta-feira, 18 de março de 2010

Vamos malhar irmãos!

Dizem que somos o que comemos! Tudo o que ingerimos é processado por nosso organismo. Parte é absorvida, tornando-se matéria-prima de nossos ossos, órgãos, músculos, etc. A outra parte é eliminada pelo sistema excretor.

O segredo para uma saúde estável está numa dieta balanceada e um estilo de vida anti-sedentário.

Desde que me casei, tenho tido problema para manter meu peso e saúde em dia. Casei-me com 59 kg e dez anos depois já estava com 99 kg. Foi preciso um susto para que revisse meu estilo de vida.

Devido ao aparecimento de cálculos reais, tive que fazer uma ultra-sonografia que revelou que meu fígado estava coberto de gordura. Comecei a sentir dores no peito, falta de ar, o que me encorajou a procurar um cardiologista, que após examinar-me, fez um prognóstico nada animador. Estava com meus 33 anos quando soube pela boca daquele médico que talvez não chegasse aos 40 se continuasse em minha marcha suicida.

Saí daquele consultório decidido a viver. Submeti-me a dietas, comprei uma ergométrica, passei a caminhar diariamente e a fazer exercícios regulares. Resultado: perdi quase trinta quilos em pouquíssimo tempo. Senti-me revigorado (além de mais bonito! Pelo menos era o que minha esposa dizia).

Mas com o tempo, fui relaxando. Parei de me exercitar e me preocupar com o que eu comia. Voltei a freqüentar pizzarias, churrascarias, e tudo que antes evitava. Resultado: voltei a engordar. Recentemente, morando aqui nos Estados Unidos, sofri um baque. Achei que morreria. Tive sensações horríveis, como se fosse dar um derrame ou coisa parecida. Não querendo deixar minha linda esposa viúva, e meus filhos órfãos, decidi tomar vergonha na cara... Entrei pra uma academia, passei a caminhar todos os dias, e, sobretudo, entrei numa dieta rigorosa. Em uma semana perdi cerca de seis quilos. Minha pressão que estava em 15 por 10, ontem chegou a 12 por 7. Voltei a dormir bem. Aquelas sensações desapareceram. E estou me sentindo um garoto de 40 anos.

Por que resolvi contar tudo isso aqui? Porque percebi que minha condição sedentária me fornece uma alegoria da condição espiritual da igreja nos últimos tempos.

Consideremos que a Igreja é o Corpo Místico de Cristo. E como tal, está sujeita a ficar fora de forma e com sua saúde espiritual comprometida, caso não se preocupe com aquilo que anda comendo, e com seu estilo sedentário de vida.

No princípio, a Igreja parecia um atleta. Talvez por isso Paulo não hesitasse em fazer comparações entre nossa carreira cristã e os jogos olímpicos celebrados em sua época. Estávamos no auge de nossa vitalidade. Mas com o tempo, fomos perdendo o fôlego inicial.

Deixamos de nos alimentar da Palavra, para buscar alimento na Filosofia grega. Canonizamos Platão, que se tornou para nós como o décimo terceiro apóstolo. Começamos a enxergar o mundo sob o prisma platônico e gnóstico. Perdemos o interesse pelo mundo à nossa volta, e voltamos nossa atenção para as coisas invisíveis. Não que seja errado focarmos as coisas espirituais. O problema é quando nosso enfoque tende ao desequilíbrio. Passamos a achar que tudo o que é material é ruim, ao passo que tudo o que pertence à realidade espiritual é bom. O nome disso é gnosticismo, e foi a primeira grande heresia que a igreja primitiva teve que combater. Foi graças a esta visão que surgiram os monastérios, onde milhares de cristãos se enclausuravam, cultivando assim uma espiritualidade alienante, ou se preferir, uma espécie de sedentarismo espiritual. A igreja começou a ganhar peso...

Uma igreja antes ativa tornava-se perigosamente contemplativa. É claro que há lugar para uma espiritualidade contemplativa, assim como nosso corpo necessita de carboidratos para sobreviver. Porém, uma dieta que se resuma em carboidratos poderá ser fatal.

Lembro que da primeira vez que resolvi emagrecer, entrei numa dieta muito conhecida aqui nos Estados Unidos, recomendada por um médico chamado Robert Atkins. Confesso que a princípio até perdi alguns quilinhos e fiquei bem animado, pois esta dieta consiste em abrir mão de todo carboidrato e ingerir basicamente proteínas. Como sou um grande apreciador de carnes, senti-me no paraíso. Porém, aos poucos, meu corpo sentiu falta dos carboidratos, e minha taxa de ácido úrico aumentou drasticamente. Foi isso que me levou a procurar um endocrinologista. Quando lhe falei da dieta que estava fazendo, a médica começou a rir, e aconselhou-me a parar imediatamente, pois minha saúde estava comprometida. O que eu precisava era de uma dieta balanceada.

Lembro também quando eliminei o açúcar, e comecei a ter lapsos de memória. Às vezes enquanto pregava, perdia o fio da meada, e ficava sem saber como terminar o meu sermão. Comecei a esquecer até nome de pessoas chegadas. Tudo porque nosso cérebro se alimenta de açúcar. Cortá-lo de nossa dieta vai trazer algum benefício, mas vai provocar tantos outros malefícios.

Nossa sociedade está deixando de comer alimentos naturais, para ingerir comida processada, enlatada, cheia de produtos químicos (alguns são cancerígenos!). Da mesma forma, a igreja de Jesus deixou a Palavra, fonte de todos os nutrientes de que necessita, e começou a alimentar-se de enlatados. Surgia a Teologia Sistemática, as Bíblias com comentários de rodapé, as caixinhas de promessa, etc.

Não queremos ter o trabalho de escolher os ingredientes certos, levá-los ao forno do Espírito e depois mastigá-los cuidadosamente. Preferimos os congelados. É muito mais prático. Já vem prontinho. Outros prepararam para nós. É só levar ao microondas denominacional, e pronto! Ninguém quer ter o trabalho de pensar, meditar, extrair da Palavra cada nutriente necessário à manutenção da vida.

Por isso, tornamo-nos uma igreja obesa. E o pior é que nossa obesidade é mórbida. Nossa coronária está obstruída. Nossa pressão sanguínea está altíssima. Estamos prontos para um piripaque.

Perdemos a mobilidade. Estamos como aquelas pessoas que de tão gordas, necessitam de um guincho para removê-las do lugar.

Engana-se quem pensa que crescemos. Na verdade, inchamos, ou melhor, engordamos. Ganhamos peso político, mas perdemos nossa destreza espiritual.

Daí surgem os produtos milagrosos, que prometem queimar nossa gordura em tempo recorde. Chás, pílulas, shakes, e outros produtos cujos efeitos colaterais podem ser extremamente danosos. Conheço alguém que quase morreu por causa de um desses chás milagrosos. Outros sugerem uma cirurgia de redução do estômago, como se diminuindo o apetite, resolvesse de vez o problema. Tudo isso não passa de paliativo. O caminho ideal é o mais trabalhoso e requer dedicação total: reeducação alimentar.

Não precisamos de uma nova revelação, ou mesmo de um novo modelo eclesiástico. O que precisamos é retornar à dieta original e deixar de ser sedentários. Saiamos ao encontro do mundo a fim de transformá-lo. À medida que caminharmos, nosso cérebro será oxigenado, nossa gordura será queimada, e nossos músculos se revigorarão. Deixemos de lado os enlatados, e voltemo-nos para a Palavra. Troquemos o microondas denominacional pelo forno do Espírito Santo. Examinemos de tudo, mas só retenhamos o que for bom.

Uma das melhores sensações que já tive foi vestir uma roupa que já não dava em mim, e perceber que agora ela está larga. Enquanto escrevo, visto uma calça jeans antes apertada, e que estou usando sem cinto, só pra senti-la caindo de minha cintura. É sensacional. Parece bobagem, mas não é. É um prazer maior do que o que sinto quando degusto uma picanha na brasa. Assim também, voltemos a nos vestir da justiça de Cristo, e aposentemos de vez nossa justiça própria, transformando-as em panos de chão.

Em vez de contentar-nos com uma esteira de academia, em que a gente anda, anda, mas não sai do lugar, que tal experimentarmos o ar puro, caminhando lá fora, bem cedo de manhã, ao som do canto dos pássaros? Aposente seu walk-talk! Ouça o som da vida!

O melhor lugar para entrar em forma não é a academia eclesiástica, nem o spa (conhecido entre nós como "retiro espiritual", ou "encontro"), mas o mundo, que espera ansiosamente pela manifestação dos filhos de Deus. Será que recobraremos nossa forma original, tornando-nos menos parecidos com Buda, e mais parecidos com Jesus.

Hora de malhar, irmãos!

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